" Ah você sabe o que é bom, a sensação de estar fora do espaço físicoem outra terra , outra dimensão.Nesta cidade eu conheço todos os becos e isso me enjoa. É bom andar por ruas desconhecidas, é como criar alguma coisa de novo dentro de você.ocê alcança uma visão nova das coisas. Principalmente de você.Você ouviu falar em distanciamento? - Se você consegue se desligar disso aqui - você consegue se salvar. O falcão é o ser vivo de maior visão.Era precsiso que aqui agora todos conseguissem enxergar como um falcão, de longe, mais vendo tudo, de cima. Mas não. Nós adoramos o envolvimento, temos uma tendência muito grande de torcer pelo vilão.Olha só a cara deles: Passivos e anacrônicos eles aguardam que eu assuma o que eles não tem coragem de assumir.Sabe o que eu sou mesmo? Uma espécie de heroi nacional!"
***
" - Bravo!Bravíssimo!Consegui que você falasse duas palavras e não metesse o seu tal de regulamento no meio. ( Levanta-se ) Sou uma heroina! Consegui um milagre! Vamos fale mais! Diga tudo que for de porcaria! Diga tudo que for vontade, que você tem guardada nessa sua cabeça estúpida! Vamos fale! Fale! Fale!
- Cachorra!Cadela imunda!
- Isso!Fale! Vamos soltar todos os presos!
- Não!
- Vamos soltar as crianças que estão presas dentro de nós! É para isso que estamos aqui nesse planeta! Para soltar as crianças que aprisionamos dentro de nós ( seu rosto se ilumina.Joana toma aspecto de uma profetista.É como se transformasse). Faça soar o alarme! Diga pra todos que podemos estar livres! Bem livres!
- Você está louca!"
(Trechos do livro Alarme Geral e Outros Textos de Zaza Sampaio)
Peças reunidas em obra intrigante onde muito se fala de máscaras mas na verdade
mergulha no íntimo de nossas sensações , escancarando-as. Um
palco vivencial e vibrante, onde as fantasias transitam livremente ,
instigando o leitor que vibra imerso em dramas fictícios intimamente
ligados à verdades absolutas.
E no abrir das cortinas, Zaza Sampaio
discorre sobre alguns aspectos da vida sem pudor e toda nenhuma
loucura.Fala através do teatro sobre a delícia de SER e sentir dos
personagens leitores (ou leitores personificados) em seus textos
espontaneos e desgarrados de máscaras. Paradoxo? Psicodrama? Não!
Essencia captada de forma sublime e profunda pela mente brilhante do escritor.
